História do Centro Espírita Luz no Caminho

 

 

1 – Fundação

 

Início – 1979 – 1980

Este Centro iniciou suas primeiras reuniões em um modesto cômodo, localizado na Rua 8, Qd. 12, Bairro JK Setor Oeste, lateral e fundo da casa (à época) de Laudelina e Miguel. Sendo os fundadores, o Sr. Ezequiel de Castro e Divino Celestino.

Laudelina conta:

“Dona Laurinda (sua mãe, desencarnada em 24/08/1981) era espírita e participava do Culto no Lar do companheiro Divino Celestino, juntamente com o Sr. Ezequiel, e durante as reuniões, cogitavam a necessidade de mudar de local, devido ao fato da casa não comportar mais o número de pessoas, que a cada semana era maior. Sendo assim, como em sua casa havia um cômodo construído para ser a marcenaria do esposo Miguel, cederam esse espaço por um valor simbólico, apenas para ser utilizado na manutenção das reuniões, iniciando-se aí, de maneira muito simples e humilde, o Centro Espírita Luz no Caminho (CELCA), mas em pouco tempo, esse espaço também tornou-se pequeno, a ponto de várias pessoas ficarem em pé na calçada.”

Pioneiros (em ordem alfabética)

Augusta Viana Nazaré

Divino Celestino Martins

Eurípedes

Ezequiel

Fábio

Laudelina

Laurinda

Miguel Leite

Rivail

Ruth

Tereza de Castro

Vandira

Primeiro Estatuto e Diretoria

Foi aprovada em Assembleia Geral, realizada no dia 08/01/1980, a eleição e a posse da Primeira Diretoria, composta por:

Presidente                 Augusta Viana Nazaré

Vice-Presidente        Ezequiel Gomes de Castro

1º Secretário(a)         Divino Celestino Martins

2º Secretário(a)         Antonieta Gomes Borges

1º Tesoureiro(a)        Terezinha Abdalla Porto

2º Tesoureiro(a)        Vandira Tinoco Martins

Conselho Fiscal

Maria do Carmo Siqueira Silva

Raimunda Gomes de Castro

Ruth dos Santos Anjos

Ata de Inauguração

Foi lavrada no dia 07/03/1980 pelo secretário Divino Celestino Martins.

 

2 – Atividades Realizadas

 

Reuniões

Inicialmente, eram três reuniões na semana, às dezenove horas, de estudo e mediúnicas nas 2ª e 6ª feiras, de palestras públicas nas quartas-feiras. No domingo, pela manhã, ocorria a reunião de estudo com a participação do Sr. Ezequiel e sua mãe Laurinda.

Evangelização

Ocorria nos domingos, de manhã, tendo por responsável o Sr. Eustáquio, esposo de Natália, com a participação dos filhos Fúlvio e Silvia e os de Laudelina também.

Laudelina lembra que uma de suas filhas, Lilian, frequentava a Igreja Presbiteriana em frente a sua casa, e um dia, seu pai, Miguel, a chamou e perguntou se ela não queria ajudar o evangelizador, devido a sua dificuldade com a leitura. Ela aceitou, e, deste então, nunca mais deixou a Doutrina, sendo também evangelizadora na cidade de Ceres/GO.

Assistência Social

O Centro distribuía cestas de alimentos aos necessitados. O trabalho era coordernado por dona Raimunda, esposa do Sr. Ezequiel, com a ajuda dos demais participantes.

Mocidade

Era dirigida por Fábio e as filhas de Regina.

Coral Maria Dolores e Teatro

Foi criado o grupo musical dirigido por Natália e depois por Divino Pacheco (com seu violão), que faziam apresentações em outros Centros Espíritas da cidade e também em Cultos no Lar.O Sr. Domingos Passos se encarregava de levá-los, com seu carro, Veraneio.

Curso de Passe e Estudo das Obras Básicas

Eram ministrados por Divino Celestino Martins e Fábio, utilizando inclusive apostilas.

Visitas

Um grupo de irmãos fazia visitas fraternas aos lares, hospitais, leprosário e presídio, cantando e aplicando o passe aos doentes e aos necessitados.

Confraternização

Cada domingo era realizado um almoço em uma das casas dos irmãos do Centro.

Grupo de Médiuns do Centro

Allan

Ana e Sinfrônio

Ana Natália e Eustáquio

Augusta

Divino Celestino e Vandira

Domingos

Ezequiel e Raimunda

Fábio e Margarida

Francisca

Juquinha (pai do Divino)

Laudelina e Miguel

Laurinda

Regina

Ruth

Tereza Abdala

Revelação

Embora fosse um centro simples e humilde, os benfeitores como Serapião Ribeiro, Irmão José e outros, davam comunicações com frequencia, inclusive através de psicografia.

Laudelina conta que eles (espíritos) revelaram que daquele pequeno grupo, estava surgindo uma grande casa espírita, e que iria crescer tanto que faltaria até mesmo tempo para atender todos os socorros solicitados.

 

3 – Construção da Sede Própria

 

Dificuldades Iniciais

A primeira dificuldade foi conseguir dinheiro para a compra do terreno, eram realizados Chás Beneficentes entre os membros da casa, porém o lucro era muito pequeno e alguns participavam do lanche, mas não pagavam.

Construção do Centro Espírita Luz no Caminho

O terreno foi comprado do Sr. Carlito Cunha, vizinho da atual sede. O local estava cheio de mato e foram os próprios pioneiros que realizaram a capina. O dinheiro para a compra foi conseguido através de bingos, almoços e rifas.

O material de construção foi obtido através de doações, intermediadas por Rivail, Auditor-Fiscal de Tributos do Estado de Goiás, que residindo em Goianésia/GO, solicitou ao Prefeito daquela cidade, Rubens Otoni de Oliveira (não confundir com Rubens Otoni Gomide). A construção da sede foi concluída graças à ajuda significativa daquele Prefeito, que doou 200 (duzentos) sacos de cimento e ferragens. Houve doações, também, de diversas pessoas para a construção da sede. Na fase de acabamento, o próprio Rivail comprou materiais com seus recursos.

O Sr. Rivail, além de angariar as doações, também trabalhava na construção sempre nos finais de semana, até durante a noite, pois na segunda-feira, ele tinha que voltar para Goianésia. A mão de obra ficou por conta dos voluntários da casa e a contratação de profissionais era feita apenas nos casos em que ninguém soubesse como realizar tal tarefa.

Dificuldades durante a construção

Após muita luta, através das várias doações, começou a construção do Centro. As paredes já estavam com mais de um metro. Um dia, pela manhã, quando os membros chegaram ao Centro, tudo havia ido ao chão. Não havia nem chuva nem vento forte, os pedreiros que combinavam de ir trabalhar, acabavam não indo. Sendo assim, o Sr. Ezequiel chamou o grupo para orar pela construção, no pequeno Centro, quando foi visto o espírito de Dona Laurinda (mãe da Laudelina), ajoelhada na construção, orando a Deus. Foi revelado que os entraves se deviam por conta dos vizinhos que não queriam a construção do Centro Espírita ali.

Inauguração da Sede

A madeira dos bancos e da mesa, feitos por Sr. Miguel, foi doada por Manoel Queiroz e Madalena.

O palestrante da noite de inauguração foi o orador e médico de Goiânia/GO, Dr. Delfino Machado

 

4 – Fatos Curiosos

 

Determinação

Dona Laurinda, pessoa muito simples, dona de casa e costureira, era frequentemente chamada para prestar ajuda às pessoas obsidiadas. Ela ia sozinha, orando pelo caminho, e chegando ao endereço, orava e conversava com os espíritos sofredores, muitas vezes endurecidos e que outras pessoas já haviam tentado retirar, sem sucesso. Mas Dona Laurinda com sua força moral e a a ajuda dos bons espíritos, auxiliava os obsessores e o necessitado voltava à condição normal.

Comunicação de um vizinho protestante desencarnado

O Sr. Alberto, vizinho e membro da Igreja Presbiteriana (localizada em frente a casa de Laudelina), desencarnou, e um dia deu comunicação no Centro Espírita Luz no Caminho, quando contou arrependido, que ele e outros membros daquela igreja, oravam e faziam vigílias constantes, para acabar com o Centro. E quando o novo Centro foi construído, eles ficaram felizes, achando que suas orações é que tinham fechado o antigo Centro, mas ao desencarnar, foi justamente a equipe espiritual do Centro Espírita que o ajudou. Disse que estava muito envergonhado da sua atitude, pediu perdão e também auxílio para sua esposa que se encontrava obsidiada, embora ela fosse protestante.

 

4 – Biografia dos Pioneiros

 

Rivail Carneiro de Souza

Data de Nascimento: 21/02/1936

Local de Nascimento: Dores de Santa Juliana – Araxá/MG

Mãe: Laurinda Maria da Cunha

Pai: Manoel Pedro de Souza

Profissão: Auditor-Fiscal de Tributos do Estado de Goiás

Cônjuge: Ivani F. De Souza

 

Ingressou na Doutrina Espírita, ainda quando morava em Minas Gerais com a família. Os pais eram simpatizantes da Doutrina e, lá na fazenda, havia um professor chamado Manoel, que era espírita e que escolheu o seu nome "Rivail". Em 1951 sua família mudou-se para o Estado de Goiás, mas nesse tempo, em Goiás, Centro Espírita era muito raro.

O que mais lhe chamou atenção na Doutrina foram os ensinamentos e a lógica, muito à frente das demais religiões.

Conta que, ao ficar decidido a construção da atual sede, ele trabalhava em Goianésia, como Auditor-Fiscal do Estado de Goiás, e de lá buscou as doações para iniciar a construção, tendo as conseguido do Prefeito daquela cidade, na época. O que faltou, ele próprio custeou até o término. Nos finais de semana ele vinha para Anápolis e trabalhava na obra até tarde da noite, porém devido à grande burocracia não conseguiu registrar a construção (atualmente o Centro Espírita Luz no Caminho tem sua obra registrada e legalizada junto à Prefeitura Municipal de Anápolis).

Rivail foi Presidente do Centro Espírita Luz no Caminho, por quatro anos, até o término da construção. Muitas vezes, ele se perguntava como assumiu uma tarefa tão pesada. Recebeu uma mensagem psicografada de sua mãe Laurinda, que disse que esse era um compromisso e responsabilidade que ele trouxe do Plano Espiritual.

 

Augusta Viana de Nazaré

Data de Nascimento:    07/10/1933

Local de Nascimento:   Urutaí/GO

Mãe: Domiciana Viana

Pai: Francelino Nazaré

 

Nasceu em lar espírita. O que mais lhe chamou atenção na Doutrina Espírita foi a simplicidade, sem rituais ou dogmatismo, e a comprovação da vida após a morte do corpo físico, da mediunidade e da reencarnação.

Ela disse que desde criança já via espíritos o tempo todo e por isso tinha medo de dormir. Os pais oravam e lhe aplicavam o passe, mas somente depois de muito tempo passou a ocorrer apenas durante as reuniões mediúnicas. Quando se tornava necessário, ela orava e pedia, e então via.

 

Ezequiel Gomes de Castro

Data de Nascimento: 10/04/1935

Local de Nascimento:    Estado do Maranhão

Mãe: Augusta Gomes da Cruz

Pai: José Gomes de Castro

Profissão: Comerciante

Cônjuge: Raimunda Gomes de Castro

 

Por volta de 1961, devido a fenômenos que aconteciam em sua casa, ele buscou estudar a Doutrina Espírita. Como em sua cidade, Várzea Grande, não havia Centro Espírita, ele fundou ali o primeiro Centro Espírita da cidade, e depois ele fundou vários outros, sendo o último, o Grupo Espírita “Os Caminheiros”, em Anápolis.

Certa vez, ele conta que não estava muito bem. Sentindo-se muito cansado, fez uma consulta em um Centro Espírita, mas o remédio que lhe passaram foi apenas estudar e praticar o Evangelho. Esse foi um dos motivos que o levaram ao Espiritismo.

 

Laudelina de Souza Leite

Data de Nascimento: 08/08/1945

Local de Nascimento: Santa Juliana/MG

Mãe: Laurinda Maria Cunha

Pai: Manoel Pedro de Souza

Profissão: Dona de Casa

Cônjuge: Miguel Leite

 

Nasceu em lar espírita. Os pais frequentavam o Centro Espírita Mariano da Cunha em Minas Gerais.

Disse ela que: "é muito importante o conhecimento de onde viemos, o motivo pelo qual estamos aqui, para onde retornaremos e a importância da prática da caridade.

 

Miguel Leite

Data de Nascimento: 31/08/1936

Local de Nascimento: Anápolis/GO

Mãe: Rosa Pereira Leite

Pai: Zepherino Leite

Profissão: Marceneiro

Cônjuge: Laudelina de Souza Leite

 

Relata que dentre as coisas que mais lhe chamaram a atenção foi o fato de ver a continuidade da vida após a morte, a emoção de ver os entes queridos já no plano espiritual, durante as reuniões que participava.

 

Irma Capuzzo Naben

Data de Nascimento:    30/01/1940

Local de Nascimento:   Urutaí/GO

Mãe: Domiciana Viana Borges

Pai: Pedro Primo Capuzzo

Profissão: Dona de Casa

Cônjuge: Valdemar Jorge Naben

 

Grande parte da família era espírita, inclusive a mãe. Moravam em uma fazenda e conheceu o Centro Espírita em Ipameri, aos três anos de idade.

Sempre que iam a Pires do Rio ou a Vianópolis, visitavam alguma casa espírita. Dos sete aos quinze anos, participou de teatros e outros eventos no Centro Espírita de Vianópolis. Posteriormente mudou-se para Anápolis, onde iniciou no Centro Espírita São Vicente de Paula e permaneceu durante trinta anos. Ingressou no Centro Espírita Luz no Caminho, nas tarefas de passe, desobsessão e estudo.

Irma conta que cresceu vendo a mãe trabalhando como passista e a avó trabalhando como parteira das mães sem condições. E muitas vezes elas saíam pedindo alimentos para levar às parturientes em estado de miséria e de pobreza. Que nos casos de partos difíceis, a mãe e a avó oravam chamando Eurípedes Barsanulfo, e que depois da oração, sempre a criança conseguia nascer.

Via casos de pessoas em poder de espíritos, amarradas, e quando já se havia tentado de tudo sem conseguir, sua mãe era chamada, orava, e a pessoa voltava a si.

Desde pequena, nos assuntos dos adultos, dava opinião para a solução dos problemas que estavam sendo discutidos. Passado um tempo ela soube que era a mediunidade acontecendo.

Sempre teve muita afinidade com pessoas da raça negra. Na adolescência participou de teatro sobre a escravatura e um tempo depois disso teve lembranças de vidas passadas, em que foi escrava e passou a ver um espírito de preto velho, que sempre a ajuda nas dificuldades. Viu também três reencarnações anteriores, e que em uma delas, era uma bailarina em um palácio, cercada de plateia masculina, e essa visão lhe dá forças para enfrentar as dificuldades da vida presente, pois entende as responsabilidades e necessidades de reparar a vida equivocada daquela época.

 

Helena Barbosa Gomes

Data de Nascimento:     29/05/1936

Local de Nascimento:    Reginópolis/SP

Mãe: Cesalcina de Almeida

Pai: Alfredo Barbosa

Profissão: Professora e Do Lar

Cônjuge: José Ferreira Gomes

 

Ela era presidente da Congregação da Ordem de Maria, mas quando foi se casar o noivo lhe revelou ser espírita e que de forma alguma se casaria na Igreja. Eles casaram-se apenas no Civil.

O marido, bancário, transferiu-se para a cidade de Jundiaí/SP. Ele participava das reuniões da FEB/SP e um dia ela desejou também ir, gostou, permaneceu e fez todos os cursos que a federação oferecia naquela época, como o Curso de Médium, Aprendiz de Evangelho e outros, tendo trabalhado na Casa Transitória.

Tempos depois mudaram-se para Peruíbe/SP, onde só havia um Centro Espírita e ela propôs a criação de uma creche, mas não foi aceita pela diretoria, sendo que a presidente do centro pediu que ela se afastasse, e assim, ela passou a fazer reuniões de estudos em sua casa, e muitos companheiros daquele centro passaram a participar de seu estudo e decidiram fazer sopa para levar em um bairro distante da cidade. A sopa era levada pronta, de carro, e os moradores eram tão pobres que nem tinham pratos e talheres, tomavam o alimento em vasilhas de margarina.

Compraram um terreno e pagaram com o dinheiro que arrecadavam com almoços e jantares. Na parte térrea funcionava a Assistência Social André Luiz e na parte superior o Centro Espírita Nosso Lar. No dia da inauguração o esposo foi transferido para o Estado de Goiás. Procurou aqui um centro para ingressar e ficou durante quatro anos assistindo reuniões mediúnicas de desobsessão no Sanatório Espírita de Anápolis. Um belo dia foi procurada pelo Zezinho e este lhe contou que indo a São Paulo, em uma reunião espírita naquela capital, um dos companheiros, sabendo que ele era de Anápolis, perguntou por Helena, porém Zezinho não a conhecia.

Retornando a Anápolis, Zezinho fez contato por telefone e a convidou para palestrar no Centro Espírita localizado no Bairro de Lourdes. Nesse dia lá estava o Sr. Ezequiel, que a convidou para o Centro Espírita Luz no Caminho.

Ela conta que teve um problema alérgico devido à mudança de clima. E um dia sonhou que era convidada para ser diretora de uma escola e que receberia um salário mínimo como pagamento, mas que lhe pagariam adiantado. Acordou e não entendeu o sonho. Pouco tempo depois foi convidada para ser presidente do CELCA, onde exerceu atividades por mais de vinte anos, tendo sido presidente por várias vezes. A alergia desapareceu assim que ela aceitou a direção da casa. 

Agradecimento

“Este levantamento da fundação do Centro Espírita Luz no Caminho foi um pedido da presidente (à época) Rosemary, a quem agradeço de coração a oportunidade de haver realizado, e assim, conhecer melhor o início dessa casa e as pessoas que fizeram a sua história, mas essa história continuará sendo escrita pelo muito o que continuará fazendo a Casa em prol de todos nós.”